O dom de conselho nos ajuda a percebermos e escolhermos a melhor decisão para o nosso bem espiritual
Deus destinou o homem e a mulher para fins superiores, para a santidade e para a coerência entre fé e vida quotidiana. “Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que nos escolheu Nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis diante de seus olhos” (Ef 1,4). Cada um de nós deve ajudar os outros a atingir essa meta, que é vontade de Deus.
Para que possamos auxiliar o próximo com pureza e sinceridade de coração, devemos pedir a Deus esse precioso dom, com o qual O glorificaremos aos mostrarmos ao irmão o caminho da salvação e da santidade. É sob a influência desse ideal que a mãe ensina o filho a rezar, a praticar os primeiros atos das virtudes cristãs, da caridade, da obediência, da penitência e do amor ao próximo.
O dom de conselho aguça o nosso juízo. Com a sua ajuda, percebemos e escolhemos a decisão que será para maior glória de Deus e nosso bem espiritual. Não é fácil tomar uma decisão de importância, quer seja sobre a vocação, a profissão, os problemas familiares ou sobre qualquer outra matéria das que devemos enfrentar continuamente. Sem o dom de conselho, o juízo humano é demasiado falho.
Afirmam os teólogos que Deus não deixa faltar às suas criaturas o que lhes é necessário, e “tudo faz com número, peso e medida” (cf. Sb 11, 20). Em tudo resplandece a sua sabedoria. Por isso é que Deus é providente, providencia os meios para que cada criatura chegue retamente ao seu fim devido.
Mas para realizarmos determinada atividade, exercemos um processo mental que tem por objetivo examinar cuidadosamente não só a conveniência dessa atividade, mas também todas as circunstâncias em que ela se deve desenrolar. Muitas vezes, esse processo se efetua sem que dele tomemos plena consciência. Quando nos vemos diante de uma tarefa mais exigente do que as de rotina, a decisão é mais difícil e, por isso, torna-se mais consciente; a mente tem que se esforçar mais para fazer a opção mais adequada, e a decisão não é tão rápida. Muitas vezes, será necessário recorrer ao conselho de outra pessoa mais experimentada.
É por meio da virtude da prudência que cada cristão delibera sobre o que deve e não deve fazer. É a prudência que avalia os meios em vista do respectivo fim. Em correspondência à virtude da prudência, existe o dom do conselho, que permite ao cristão tomar as decisões oportunas sem a fadiga e a insegurança que, muitas vezes, caracterizam as decisões da virtude da prudência. Essa por si não basta para que o cristão se comporte à altura da sua vocação de filho de Deus, vocação esta que exige simultaneamente grande cautela e coragem.
Nem sempre a virtude humana vê nitidamente o modo de proceder corretamente. É preciso, pois, que o Espírito Santo lhe inspire a reta maneira de agir no momento oportuno.
Assim o dom do Conselho aparece como um regente de orquestra que coordena divinamente todas as faculdades do cristão para que tenha uma atividade harmoniosa e equilibrada.
Diz a Escritura que há um tempo exato para cada atividade (Ecl 3,1-8); fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno. Ora, nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizer ‘sim’ ou ‘não’. Nem as pessoas prudentes, após muito refletir, conseguem definir com segurança o que convém fazer. Ora é precisamente para superar tal dificuldade que o Espírito move o cristão mediante o dom do conselho.
“Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer e tempos para morrer; tempo para plantar e tempo para arrancar o que foi plantado; tempo para matar e tempo para curar; tempo para demolir e tempo para construir.”
Fonte: http://formacao.cancaonova.com/liturgia/tempo-liturgico/pentecostes/o-dom-do-conselho/