(Mesa de abertura do V Encontro da Igreja Católica na Amazônia | Foto: Ana Paula, equipe de comunicação V Encontro da Igreja Católica na Amazônia)

V Encontro da Igreja na Amazônia Legal: “Sermos cada vez uma Igreja mais inserida”

Com o tema “A Igreja que se fez carne, alarga sua tenda na Amazônia: Memória e Esperança”, iniciou nesta segunda-feira (19) e termina quinta-feira (22), no Centro Maromba, Manaus (AM), o V Encontro da Igreja na Amazônia Legal. Encontro organizado pela Comissão Episcopal Especial para a Amazônia (CEA) e a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM).

A cerimônia de abertura contou com a participação de dom Gilberto Pastana, arcebispo de São Luís do Maranhão, presidente da CEA e presidente do Regional Nordeste 5 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal dom Leonardo Stainer, OFM – o cardeal da Amazônia, arcebispo de Manaus, arquidiocese anfitriâ do evento e presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) e o Regional Norte 1 da CNBB, dom Ricardo Hoepers, o bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário-geral da CNBB, do cardeal Pedro Barreto, bispo emérito de Huancayo (Peru) e presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), irmã Carmelita Conceição, vice-presidente da REPAM e ainda, representando o Governo Brasileiro, Kenarik Boujikian, secretária nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Secretaria Geral da Presidência da República.

O fato de “nos encontrarmos é sempre importante, para criarmos mais comunhão, para pensarmos juntos a evangelização, permanecermos fiéis ao espírito missionário da nossa Igreja na Amazônia, revermos a nossa caminhada”, reforçou o cardeal Leonardo Steiner.

O cardeal fez menção à caminhada missionária e sinodal da Igreja da Amazônia, com horizontes muito bonitos e significativos, que se concretiza em “sermos cada vez uma Igreja mais inserida”, lembrando a encarnação proposta em Santarém, que hoje deve acontecer em realidades que são outras.

Em sua fala, o dom Leonardo Steiner destacou ainda o incentivo de Papa Francisco para se levar em consideração toda a realidade. Para o cardeal, esta perspectiva que “nos anima, mas é uma perspectiva exigente, porque não podemos deixar ninguém para trás. Queremos caminhar todos juntos, mas levando em consideração as realidades que estamos a viver”.
O cardeal Steiner concluiu sua fala pedindo que o evento em Manaus “seja um encontro onde podermos continuar a sonhar, para sermos uma Igreja profundamente encarnada, levando em consideração os sonhos do Papa Francisco”, e a partir daí “sermos uma Igreja que realmente canta a liberdade, e ao cantar a liberdade, se encarnar nas culturas que aqui existem, possamos realmente ser sinal de esperança”.
Ceama

Uma alegria partilhada pelo arcebispo emérito de Huancayo (Peru) e presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), cardeal Pedro Barreto, que lembrou que “é um fruto do processo sinodal vivido nesta região tão querida”. Ele destacou a larga história da Igreja na Amazônia, ressaltando a necessidade de “sermos conscientes que recolhemos uma sagrada herança dos nossos antecessores que trabalharam na Amazônia”. O cardeal Barreto agradeceu “todo o esforço que estão fazendo para caminhar em comunhão, participando todos na única missão de Cristo”.

(Dom Ricardo Hoerpers, secretário-geral da CNBB)
CNBB
Em nome da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Ricardo Hoepers, lembrou a longa história de encontros da Igreja da Amazônia, iniciado com o primeiro encontro inter-regional em 1952, destacando que “a perseverança nos ensina que vale a pena continuar esse processo com todo entusiasmo”. Dom Ricardo refletiu sobre os retrocessos que acontecem cada dia na Amazônia, citando os desmatamentos, e mostrando a preocupação do episcopado brasileiro com os povos originários, “esses são os que mais sofrem”, denunciando “a gravidade das coisas que estão acontecendo em nosso país”, algo que lhes preocupa e buscam dar respostas. Ele mostrou a apertura da CNBB a todos, e lembrou o tema da Campanha da Fraternidade de 2025, sobre a ecologia integral, “uma oportunidade para sensibilizar a todo o Brasil”.

(Irmã Carmelita Conceição, vice-presidente REPAM)
REPA
A Rede Eclesial Pan-amazônica (REPAM), que está completando 10 anos – momento que foi comemorado com um encontro com o Papa neste ano – o fato de estar presente no território a leva a mostrar suas alegrias e preocupações, segundo sua vice-presidente, a Ir. Carmelita Conceição. A religiosa citou a realidade da seca, que desafia a “dar um sinal de vida e esperança na Amazônia”, vendo o encontro como ajuda para “vermos o que fazer e como nos posicionar diante de tantos desafios”.

(Kenarik boujikian, secretária nacional da Secretaria de Diálogos da Presidência do Brasil)
GOVERNO BRASILEIRO
A representante do Governo Brasileiro, Kenarik Boujikian, Secretária Nacional de Diálogos Sociais e Articulação de Políticas Públicas da Secretaria Geral da Presidência da República, afirmou que o papel da instituição que representa é manter o diálogo da sociedade civil e os movimentos sociais com o Governo, lembrando a importância dos movimentos populares para o Papa Francisco. Kenarik destacou a importância das messas de diálogo, apresentando um caderno de respostas às demandas da Igreja brasileira, que não pretende dar soluções, mas ele é uma ferramenta de trabalho, dividido em quatro eixos: emergência climática; direitos dos povos das águas, do campo e das florestas; regularização fundiária: denuncias e violações de direitos nos territórios. Um caderno para fazer novas construções, pequenas coisas que na realidade podem impactar.

Diante dessa realidade, “a REPAM-Brasil quer ser um serviço eclesial, articulado com muitos movimentos e muitas organizações da sociedade civil, em busca de preservar os direitos dos nossos povos, dos nossos territórios e da nossa Amazônia como um todo”, segundo seu presidente, o bispo de Roraima, dom Evaristo Spengler. Respondendo ao caderno, o bispo afirmou que “as nossas ações apoiam e visibilizam as iniciativas das comunidades, pastorais e organizações eclesiais, a partir de uma espiritualidade encarnada, na defesa da vida dos povos e da biodiversidade amazônica para construir o bem viver”, algo feito com fé e esperança.

Dom Spengler lembrou a visita realizada a 13 ministérios e outras entidades, levando os resultados da escuta aos povos, que tem como consequência o caderno de respostas. Diante de uma situação que tende a se agravar, dom Evaristo Spengler agradeceu as respostas, destacando a importância das políticas públicas necessárias ao cuidado com a casa comum, com a Criação e com a nossa querida Amazônia.

(Dom Gilberto Pastana, arcebispo de São Luís do Maranhão e presidente da CEA, à esquerda, cardeal Pedro Barreto e à direita, cardeal Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus e presidente do Regional Norte 1))
COMISSÃO EPISCOPAL ESPECIAL PARA A AMAZÔNIA
Por fim, dom Gilberto Pastana, arcebispo de São Luís do Maranhão, presidente do Regional Nordeste 5 e da Comissão Episcopal para a Amazônia (CEA), lembrou os membros da comissão desde sua criação em 2003, hoje formada pelos presidentes dos regionais da Amazônia Legal. Dom Gilberto reforçou que o momento vivido em Manaus será um encontro de “muita convivência, partilha da vida e da missão, e comprometimento com a causa do Reino”, para dar continuidade às conclusões assumidas no IV Encontro, realizado em Santarém em 2022.
O presidente lembrou o tema e o lema do encontro deste ano, ressaltou a importância do processo de escuta feito em preparação, em busca de “construir novos caminhos para a Igreja na Amazônia, para a ecologia e para o território”.
Por fim, dom Gilberto insistiu que “a missão nos desafia” e concluiu:
“Queremos ser fiéis aos desafios do Senhor, dar continuidade a toda essa riqueza colhida e observada nos avanços, dificuldades e desafios em nossas ações evangelizadoras, fortificar o nosso compromisso missionário, identificar os passos concretos que o Espírito Santo revela à Igreja na Amazônia para realizar e crescer a comunhão, a missão e a participação”.
Texto com informações da assessoria do V Encontro da Igreja Católica na Amazônia

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