A Igreja sempre venerou Maria como sua mãe. Mesmo porque há uma razão lógica: Ela é a Mãe de Jesus, cabeça da Igreja e a Igreja é o corpo místico de Cristo, princípio e primogênito de todas as criaturas celestes e terrestres (Ef 1,18). E isso foi declarado por Jesus no alto da cruz ao nos entregar por meio de João, sua mãe como nossa mãe.
Por isso mesmo, Maria é a mãe de todos os que nasceram pelo Cristo, tornaram-se irmão de Cristo e em Cristo, e são herdeiros de sua graça, sua vida e sua glória.
Para todos nós, Ela é modelo de fé e de oração, de contemplação do mistério divino. É a mulher obediente à Palavra de Deus, de quem Isabel testemunhou: “Bem-aventurada a que acreditou, porque se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas”. (Lc 1, 45).
É modelo de amor e doação, que se põe a caminho para servir a prima Isabel, que está a serviço e preocupada com os noivos nas Bodas de Caná. É a mãe terna que ampara e protege seus filhos e sempre nos aconselha para que sejamos fiéis a Jesus: “Fazei tudo o que Ele vos disser”. (Jo 2, 5).
O carinho do povo por Maria faz com que ela seja louvada de diferentes maneiras, com diversos títulos. É o cumprimento da profecia que fez em seu cântico do Magnificat: “Todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1, 48). A verdadeira devoção a Maria se manifesta na imitação de suas virtudes, praticando os ensinamentos de Jesus; a verdadeira devoção, reconhece que Maria é importante porque nos apresenta a Jesus, a quem pertence o primeiro lugar. O importante é que esse amor se concretize na vivência do evangelho de seu Filho Divino.
Ressalte-se, também, que Maria é uma mulher simples, humilde, vivendo o dia a dia de sua pequena vila. Mulher pobre que viveu a migração e a exclusão. Mãe zelosa, que cuidou de Jesus com afeto e dedicação, ajudando-o a dar os primeiros passos, cuidando de sua roupa e alimentação, ensinando as lições da vida, enfim, fazendo o mesmo que nossas mães fazem por seus filhos. Mulher forte aos pés da cruz e ao receber em seus braços o corpo exangue de seu Filho querido.
Um belo caminho nos foi dado no dia 27 de novembro de 1830, pela inspiração recebida por Santa Catarina Labouré, humilde freira da Congregação das Filhas da Caridade. Isto foi na Rue Du Bac, no centro de Paris, na atual Capela da Medalha Milagrosa.
Nesse dia, segundo relata a Santa, ela viu Maria mostrando nos dedos anéis incrustados de belíssimas pedras preciosas, “lançando raios para todos os lados, cada qual mais belo que o outro”. Em seguida, formou-se em torno da Virgem uma moldura ovalada, no alto da qual estavam escritas em letras de ouro as seguintes palavras, a bela jaculatória: “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós”. Esse foi um sinal do anúncio de que Nossa Senhora é Imaculada, concebida sem pecado original.
Vinte e quatro anos depois, o Papa Pio IX proclamava solenemente o dogma da Imaculada Conceição de Maria no dia 8 de dezembro de 1854. Quatro anos após, em Lourdes, Santa Bernadete é inspirada por Maria e escuta a afirmação: “Eu Sou a Imaculada Conceição”. Quantas provas de sua Imaculada Conceição!
Santa Catarina Labouré descreve a Virgem sobre um Globo, a Terra, pisando a cabeça da Serpente e segurando nas mãos um globo menor, oferecendo-o a Deus, num gesto de súplica. E diz a Santa Catarina: “Este globo representa o mundo inteiro e cada pessoa em particular”. De repente, o globo desapareceu e suas mãos se estenderam suavemente, derramando sobre o globo brilhantes raios de luz.
E Santa Catarina ouviu uma voz que lhe dizia: “Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo. Todos os que a usarem, trazendo-a ao pescoço, receberão grandes graças. Estas serão abundantes para aqueles que a usarem com confiança”.
Em 1832, uma violenta epidemia de cólera assolou a cidade de Paris. Foram, então, cunhados os primeiros exemplares da medalha, logo distribuídos aos doentes. À vista das graças extraordinárias e numerosas obtidas de Deus por meio dessa medalha, o povo passou a chamá-la de Medalha Milagrosa. Em pouco tempo, essa devoção difundiu-se pelo mundo inteiro, e foi enriquecida com a composição de uma Novena.
Nossa Senhora foi chamada pelo Anjo de “cheia de Graça”; assim, ela intercede por nós junto a Deus e Este lhe atende as súplicas, como nos mostra nas Bodas de Caná da Galileia. Se os nossos pecados dificultam a nossa comunhão com Deus e nos impedem de obter Suas graças, isto não ocorre com Nossa Senhora, pois, como boa Mãe, ela se põe como nossa magnífica intercessora.
O significado dos símbolos da Medalha Milagrosa
“Fazei cunhar uma medalha conforme este modelo, disse Nossa Senhora. As pessoas que a trouxerem com confiança receberão muitas graças, sobretudo se a trouxerem ao pescoço.”
Compreendemos que o título Nossa Senhora das Graças está intimamente ligado à revelação da Medalha Milagrosa. Porém, as graças distribuídas por Nossa Senhora não dependem do uso da medalha e sim de pedir a ela com fé e devoção. Tanto que, em uma de suas aparições, Nossa Senhora se queixou a Santa Catarina Labouré dizendo: “Tenho muitas graças para distribuir…, mas as pessoas não me pedem”.
A medalha e Deus realizou muitos milagres e alcançou muitas graças aos que a utilizam. Mas, o que indicam os símbolos que aparecem na Medalha e qual é a sua mensagem?
#1 Triunfa sobre Satanás
Na frente da Medalha Milagrosa, aparece a Virgem Maria esmagando a cabeça da serpente que está sobre o mundo: Ela, a Imaculada, tem todo poder em virtude de sua graça para triunfar sobre Satanás.
#2 Evoca o Apocalipse
As doze estrelas da cabeça de Maria e a cor de seu manto mostram a mulher vestida de sol, do Livro do Apocalipse.
#3 Raios das graças
Suas mãos estendidas, transmitindo raios de graça, são sinal de sua missão de Mãe e Medianeira das graças que derrama sobre o mundo e a quem lhes peça.
#4 Sinal da Imaculada
A famosa inscrição “Oh Maria” afirma a Imaculada Conceição da Virgem, manifestada a Santa Catarina nesta aparição em 27 de novembro de 1830, muito antes do dogma ser proclamado em 1854. Do mesmo modo, indica a missão de intercessão da Mãe de Deus, a quem podemos procurar com confiança.
#5 A realeza de Maria
O globo, que representa a terra, está sob os pés da Virgem Maria, porque Ela é a rainha do céu e da Terra.
#6 Mãe do crucificado
Na parte de trás da Medalha está a letra “M”, símbolo de Maria e da sua maternidade espiritual. A cruz é o mistério da redenção e sustenta a letra “Yota” do alfabeto grego ou a “I”, que é um monograma do nome “Jesus”. Tudo isso simboliza a Mãe de Cristo crucificado.
#7 A Igreja com os Corações Sagrados
As doze estrelas são um símbolo da Igreja que Cristo fundou nos Apóstolos. Enquanto os Sagrados Corações de Jesus e Maria se referem à devoção que os cristãos devem ter a ambos os corações.
Oração
Doce Virgem e nossa Mãe, Nossa Senhora das Graças, Que de braços abertos Derramais inúmeras bênçãos Sobre todos os que, cheios de confiança Lhe apresentam as necessidades E sofrimentos desta vida. Agradecemos, com o coração repleto de alegria, Todas as vitórias alcançadas, Pois sabemos que, apesar de nossas culpas, Sois Mãe de Misericórdia e de todas as Graças. Concedei-nos, ó Virgem Maria, Mais este pedido que vos confiamos, neste momento. Ó Maria, concebida sem pecado, Rogai por nós, que recorremos a vós. Nossa Senhora das Graças, dai-nos a bênção! Amém.
Nossa Senhora das Graças, rogai por nós que recorremos a vós!
Fonte: A12