Rio de Janeiro - Pelo segundo dia consecutivo, o Rio bateu recorde de calor em 2014.

Estudos relatam que regiões tropicais podem ficar inabitáveis com o aquecimento

Novo estudo publicado nessa segunda-feira (8), na revista científica Nature Geoscience, afirma que os trópicos podem tornar-se inabitáveis para o ser humano se não conseguirmos limitar o aquecimento global a 1,5 grau centígrado, alertam os cientistas. Cumprir as metas climáticas mundiais pode evitar que as populações das regiões tropicais enfrentem episódios de “calor insuportável”.

Desenvolvido pela Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, o estudo lembra que a capacidade de o ser humano “arrefecer” o seu corpo depende de certas condições de temperatura e umidade do ar. As regiões tropicais do planeta podem atingir ou mesmo exceder os limites suportados pela vida humana, devido às alterações climáticas. O aumento do calor e da umidade ameaçam, assim, submeter grande parte da população mundial a condições potencialmente letais.

Como explicam os cientistas, há um limite de sobrevivência além do qual uma pessoa já não consegue regular a sua temperatura corporal com eficácia. Esse limite é excedido quando o denominado termômetro de bulbo úmido (WBGT, a temperatura mais baixa que pode ser alcançada apenas pela evaporação da água). indica que a temperatura e a umidade do ar ultrapassam os 35 graus centígrados.

Isto é, temos uma temperatura corporal que permanece relativamente estável em 37 graus, enquanto a nossa pele é mais fria para permitir que o calor flua. Mas se a temperatura do bulbo úmido exceder os 35 graus, o corpo torna-se incapaz de se resfriar. “Se estiver demasiadamente úmido, o nosso corpo não consegue arrefecer evaporando o suor – é por isso que a umidade é importante quando consideramos a habitabilidade em um local quente”, disse ao Guardian Yi Zhang,  investigador da Universidade de Princeton que conduziu o novo estudo.

“As altas temperaturas são perigosas ou mesmo letais”, acrescentou.

Nesse sentido, os especialistas concluíram que o aumento da temperatura tem de ser limitado a 1,5 grau para evitar que as regiões dos trópicos ultrapassem os 35 graus na temperatura do bulbo úmido. Considerando o atual contexto de aquecimento global, os autores alertam que essas regiões podem experimentar “eventos de calor extremo” nos próximos anos, que podem exceder o “limite de segurança”.

Cumprir metas climáticas é solução

As condições perigosas e “intoleráveis” nos trópicos podem ocorrer ainda antes do limiar de 1,5 grau. De fato, o mundo já aqueceu, em média, cerca de 1,1 grau centígrado nos últimos anos, e embora os governos tenham prometido, no acordo climático de Paris, manter as temperaturas a 1,5 grau, os cientistas têm alertado que esse limite pode ser ultrapassado dentro de uma década.

Isso tem implicações potencialmente negativas para milhões de pessoas – cerca de 40% da população mundial vivem, atualmente, em países tropicais, sendo que essa proporção deverá aumentar para metade da população mundial até 2050.

A investigação de Princeton centrou-se em regiões tropicais, em latitudes entre 20 graus a norte do Equador, uma linha que corta o México, a Líbia e Índia, até 20 graus ao sul, que passa pelo Brasil, Madagascar e o norte da Austrália.

* Com informações da RTP – Rádio e Televisão de Portugal

 

Fonte: Agência Brasil

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