U.S. Secretary of State Antony Blinken presents Pureza Lopes Loyola with the TIP Report Hero award at the release of the 2023 Trafficking in Persons (TIP) Report at the State Department in Washington, D.C., U.S., June 15, 2023. REUTERS/Sarah Silbiger

Maranhense recebe prêmio por luta contra trabalho análogo à escravidão

Pureza Loyola é de Bacabal (MA). Sem notícias, desde 1993, do penúltimo dos cinco filhos, Antônio Abel Lopes Loyola, ela tentou encontrá-lo por três anos em garimpos de ouro, carvoarias e diversas fazendas. Nessa busca, a brasileira descobriu um sistema generalizado de trabalho forçado para derrubar grandes extensões da Floresta Amazônica com o objetivo de converter essas áreas em pasto para o gado. Ao desafiar os perigos para encontrar seu filho, Pureza se tornou símbolo do combate ao trabalho análogo à escravidão.

Em suas andanças, ela testemunhou e ouviu relatos dos trabalhadores ameaçados pela escravidão moderna no Brasil. Ela confirmou que empregadores confiscavam irregularmente os documentos de identidade dos trabalhadores, controlavam e os mantinham em dívidas. Muitos trabalhadores ainda sofreram atos de crueldade. Há relatos de que alguns homens foram mortos ao resistir ou tentarem sair dessas situações.

Com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra (CPT), uma organização da Igreja Católica que denuncia e combate injustiças no campo, Pureza Loyola tentou denunciar as práticas de exploração do trabalho forçado. Ela afirma ter procurado autoridades em Brasília para denunciar as condições que tinha visto, em primeira mão.

A maranhense diz que escreveu cartas para três ex-presidentes brasileiros: Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso. Como os testemunhos não surtiram efeito, sob a alegação de falta de evidências, segundo ela, Pureza Loyola voltou às fazendas com câmera e gravador de áudio para documentar a exploração de mão de obra.

Somente após arriscar a própria vida, a mãe conseguiu libertar vivo o filho desaparecido, Antônio Abel, vítima do tráfico humano e obrigado ao trabalho análogo ao da escravidão, em uma fazenda no sul do Pará. Ele estava doente, com malária.

A luta de Pureza motivou o governo do Brasil a criar o Grupo Móvel de Fiscalização (GEFM), em 1995, que combate a prática ilegal no país. As operações do grupo são coordenadas pela Auditoria Fiscal do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e contam com representantes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal (PRF), do Ministério Público do Trabalho (MPT) e do Ministério Público Federal (MPF).

De acordo com o MTE, nos 28 anos de atuação do grupo GEFM, mais de 61 mil trabalhadores foram resgatados da condição em trabalho análogo à escravidão, em atividades diversas.

O MTE afirma ainda que as operações de fiscalização em 6.746 estabelecimentos, em áreas urbanas e rurais, possibilitaram o pagamento de R$ 139 milhões, em indenizações aos trabalhadores resgatados a título de verbas salariais e rescisórias, como forma de restituir os direitos trabalhistas violados. Os empregadores delituosos são julgados nas esferas administrativa, trabalhista e criminal.

com informações da agencia Brasil

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