A forma mais comum de demência neurodegenerativa, a Doença de Alzheimer atinge cerca de 35 milhões em todo o mundo, majoritariamente em pessoas idosas. Com o crescente envelhecimento da população, a enfermidade tende a se tornar cada vez mais comum. Segundo estimativas da Alzheimer’s Disease International (ADI), os números poderão chegar a 74,7 milhões em 2030 e 131,5 milhões em 2050. Neste 21/9, o mundo se une no Dia Mundial do Alzheimer para ações de conscientização.
A incidência cada vez maior vem também aumentando o conhecimento da doença, que não tem cura e a pergunta mais comum é: é possível prevenir o Alzheimer? “As causas da doença não são 100% conhecidas e há um componente genético importante nas chances de desenvolver a doença. Porém, já se sabe que a adoção de certos hábitos ao longo da vida e o acompanhamento de índices de saúde influenciam, em muito, o aparecimento da doença”, explica a médica endocrinologista Alessandra Rascovski, idealizadora da iniciativa ‘Cérebro em Ação’.
Um estudo da Universidade de São Paulo (USP), que contou com a participação de 9.412 pessoas de diferentes regiões, níveis socioeconômicos e etnias, com idade média de 63 anos, revelou os 12 fatores de risco mais associados ao desenvolvimento de demência no Brasil. Estima-se que cerca de 2 milhões vivam com demências — o Alzheimer corresponde à maior parcela. Para 2050, a projeção é de que esse número chegue a cerca de 6 milhões de pessoas — um aumento de 200%.
Saiba mais sobre alguns dos fatores que afetam a incidência da doença
Hipertensão. Manter a pressão arterial controlada é fundamental e é considerado um dos mais importantes fatores para prevenir a doença, mas não só ela: diversas complicações cardíacas podem ser evitadas, além de casos de AVC. “O ideal é sempre ter uma medição de até 13 por 9”, explica a especialista. Quem já tem a doença, que também tem causas genéticas, deve usar medicação diária para controlar os índices.
Estilo de vida. Controlar o peso e manter um estilo saudável, com a prática de exercícios físicos, não fumar e consumir bebida de forma moderada, são fundamentais: a obesidade, o tabagismo, o alcoolismo e o sedentarismo também são causas importantes nas chances de desenvolver a doença. “A gente vê que são fatores ligados à saúde como um todo e faz sentido: o cérebro não está alheio à saúde do resto do corpo”, comenta Alessandra Rascovski.
Bem estar. Depressão e isolamento social são outras das possíveis causas para aumento nas chances de desenvolver a doença. “A gente sabe que a pandemia fez com que esses índices aumentassem muito por conta das medidas sanitárias. Mas é importante que as pessoas retomem seus contatos sociais, mesmo que aos poucos, e busquem acompanhamento psicológico e ajuda, caso tenham dificuldade. Somos seres sociais e precisamos estar em contato para vivermos com bem estar”, afirma a médica.
Contexto socioeconômico. O nível de escolaridade é considerado o principal fator para a doença. O estímulo ao cérebro e o aprendizado são ferramentas fundamentais para a saúde do órgão. Outro fator de contexto social é a poluição do ar, também apontada como de risco para o Alzheimer. “Países em desenvolvimento, como o Brasil, tem uma população mais vulnerável a esses fatores. A falta de equidade no acesso aos serviços com certeza atrapalha a saúde da população e é um fator que precisa de atenção dos governos”, ressalta.
Diabetes. Doença multifatorial das mais incidentes em todo o mundo, o diabetes também influencia o cérebro, inclusive nas chances de desenvolvimento do Alzheimer. Segundo a especialista, “aqui entra a fórmula de controle de peso e alimentação saudável. Para quem já foi diagnosticado, o uso correto e controlado da medicação contribui para um melhor manejo da doença”.
Multifatores. A pesquisa também encontrou mais dois fatores que influenciam no desenvolvimento da doença: a Perda auditiva e o Trauma Craniano. “Nesse caso, além de sempre ir ao oftalmologista para manter a saúde auditiva em dia, são causas mais longe do controle. O trauma normalmente acontece por conta de acidentes”, pontua a médica Alessandra Rascovski.
Saiba mais sobre a doença
A doença instala-se quando o processamento de certas proteínas do sistema nervoso central começa a dar errado. Surgem, então, fragmentos de proteínas mal cortadas, tóxicas, dentro dos neurônios e nos espaços que existem entre eles. Como consequência dessa toxicidade, ocorre perda progressiva de neurônios em certas regiões do cérebro, como o hipocampo, que controla a memória, e o córtex cerebral, essencial para a linguagem e o raciocínio, memória, reconhecimento de estímulos sensoriais e pensamento abstrato.
*Com informações de Assessoria
**Imagem: USP