O Maranhão registrou o maior número de conflitos por terra no Brasil em 2024, com 363 ocorrências, segundo dados divulgados pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). O levantamento será apresentado nesta quarta-feira (23), às 14h, no Auditório do Sindicato dos Bancários, em São Luís, durante o lançamento do Caderno de Conflitos do Campo Brasil 2024.
No total o estado contabilizou 420 conflitos no campo, englobando disputas por terra, água, relações de trabalho e retomadas de territórios. O número é dobro das 210 ocorrências registradas no ano anterior. A maioria dos casos está relacionada a violência contra posseiros e comunidades tradicionais, com destaque para uso de agrotóxicos como forma de indimidação.
De acordo com o Centro de Documentação Dom Tomás Balduíno (CEDOC), somente no Maranhão foram registrados 228 dos 276 casos de contaminação por agrotóxicos no país o maior número da década. Chapadinha e Timbiras concentram os maiores índices de violência, localizados na região do MATOPIBA, onde avança fronteira agrícola da soja.
A CPT alerta que essa ”guerra química” tem provocado graves impactos à saúde, à segurança alimentar e à permanência das populações tradicionais em seus territórios. A entidade, junto a organizações como a FETAEMA, RAMA e o LEPENG/UFMA, cobra proibição da pulverização aérea de agrotóxicos no estado.
O relatório também destaca o aumento das ameaças de despejo (60%), destruição de roçados (30%) e ameaças de expulsão (150%)na região do MATOPIBA. Os quilombolas são o grupo social mais atingido, com centenas de comunidades ainda aguardando titulação de seus territórios pelo INCRA.
Com 50 anos de atuação a CPT segue denunciando e monitorando os conflitos rurais como forma de resistência das comunidades frente às violações sistemáticas de seus direitos.
fonte: Comissão Pastoral da Terra
por Tenile Barros