O Hospital Universitário da UFMA (HU-UFMA), gerido pela Empresa de Serviços Hospitalares (Ebserh), é um dos cinco centros de referência no Sistema Único de Saúde (SUS) participantes do Projeto “Endometriose Brasil: Programa de aprimoramento profissional para diagnóstico e tratamento da doença”. A iniciativa é do Ministério da Saúde, em parceria com a Beneficência Portuguesa de São Paulo (BP), por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde, PROADI-SUS.
Nos últimos dias 19 e 20 de outubro foi realizada a última etapa do projeto, na qual aconteceu a tutoria da cirurgia. Profissionais da BP visitaram o HU-UFMA para o acompanhamento diagnóstico de cirurgias desenvolvidas pela equipe do HU, além da realização da discussão de casos cirúrgicos, aulas e visitas nas enfermarias.
O projeto tem como objetivo estabelecer uma linha de cuidado com equipes regionais especializadas, que sejam referência na abordagem integral da endometriose, no que compete ao diagnóstico e tratamento. Para isso, médicos e enfermeiros do HU-UFMA participaram da capacitação, que incluiu duas idas a São Paulo (a primeira no final de 2022 e a segunda já em 2023). Em cada visita, os participantes acompanharam uma média de 10 cirurgias, além do ambulatório e do pós-operatório das pacientes.
Marina Andres, médica ginecologista e coordenadora de Ginecologia do Proadi Endometriose, explica quais os focos do projeto, já que trabalham em todos os níveis de atenção à saúde. Segundo a coordenadora, na Atenção Básica a ideia foi capacitar os profissionais para que comecem a fazer o diagnóstico e referenciem as mulheres com maior rapidez, pois esse é ainda um grande gargalo, já que mulheres demoram uma média de sete anos para conseguir o diagnóstico, o que traz sérias consequências. Já nos centros especializados, a exemplo do HU-UFMA, a ideia foi “capacitar, principalmente para a realização da imagem, para fazer o diagnóstico e mapeamento, assim como, a focar na parte cirúrgica, para a melhoria do tratamento, a partir de uma padronização dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) pelo Brasil”, reiterou.
Segundo a coordenadora, a endrometriose é uma doença muito prevalente, que acomete em torno de 10 a 15% das mulheres, e o tratamento, principalmente o cirúrgico, é de alta complexidade. “Temos no Brasil poucos centros que já fazem esse tratamento e muitas vezes é um centro único, como é o caso aqui no Maranhão, então a ideia é ampliar para que as mulheres tenham mais acesso e mais qualidade nos tratamentos em todo o país”, pontuou Marina.
O cirurgião ginecológico João Beltrão reforçou a relevância do projeto, que traz benefícios diretos para as pacientes atendidas na instituição. “Participar dessa capacitação foi muito importante, pois já desenvolvemos cirurgias aqui, mas esse projeto veio para contribuir com a atualização de conhecimento. Tivemos contato com profissionais reconhecidos internacionalmente, pudemos acompanhar a forma como eles operam, para desenvolver com cada vez mais qualidade as cirurgias aqui também. Tivemos muitos ganhos com essa capacitação, principalmente na parte do diagnóstico pelo ultrassom com preparo intestinal, por exemplo, que não era feito e agora já temos pessoas treinadas”, exemplificou.
A chefe da Unidade de Saúde da Mulher do HU-UFMA, Danielle Orlandi, ressaltou que esse intercâmbio foi fundamental para identificar alguns pontos de melhoria no serviço. “Aqui no Maranhão somos o único hospital que trata a endometriose profunda pelo SUS. Essa é uma oportunidade que vai ajudar no tratamento das mulheres que apresentam muitas queixas, pois é uma doença que gera uma dor crônica. São pacientes que realmente precisam do tratamento, principalmente a endometriose com acometimento intestinal, que é a que traz mais risco à vida, por risco de obstrução”, explicou.
Participaram também dessa turma, outros hospitais vinculados à Ebserh, são eles: Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam); Hospital Universitário Júlio Müller da Universidade Federal de Mato Grosso (HUJM-UFMT) e Maternidade-Escola Assis Chateaubriand (MEAC), do Complexo Hospitalar da UFC. Além deles, o Hospital da Mulher Maria Luzia Costa dos Santos, na Bahia.